Apresentação
A fundação do IST corresponde a um momento singular da história em que política, educação e cultura estiveram associadas de forma notável.
Para assinalar a efeméride, o IST celebra o seu centenário com um programa muito alargado de iniciativas que poderá ser consultado neste Web Site dedicado exclusivamente às comemorações.
O programa contempla uma série de eventos comemorativos que mostram o que fizemos em 100 anos de existência e como continuamos a construir o futuro expandindo as fronteiras do conhecimento e explorando as interfaces entre ciência, engenharia, empreendorismo e inovação.
Ao longo do próximo ano e meio, serão progressivamente incluídos novos contributos que “contem” a história da nossa Escola até ao encerramento do centenário, no dia 23 de Maio de 2012.
António Cruz Serra
Presidente do IST (2009-2011)
Discurso proferido pelo Comissário das Comemorações do Centenário
do IST no âmbito da Cerimónia de Apresentação do Programa
Iniciamos hoje o Ciclo de Eventos destinados a comemorar o 1º Centenário da criação do Instituto Superior Técnico. Foi exactamente em Maio de 1911 que por iniciativa do Ministro do Fomento, Brito Camacho, o I Governo da República depositava nas mãos de Alfredo Bensaúde a responsabilidade de criar, organizar e dirigir este Instituto considerado, no início da República, como essencial e determinante para o País numa lógica de modernização e desenvolvimento da sociedade portuguesa.
O Instituto Superior Técnico que se veio a tornar numa das mais prestigiadas escolas universitárias portuguesas nasce pois da vontade de um ministro e de um governo que atribuíram à formação dos técnicos de engenharia uma prioridade acrescida ao mesmo tempo que escolheram para o lançamento deste grande projecto uma personalidade cujo perfil se adequava às exigências inerentes a um desafio que requeria saber, experiência e conhecimento aprofundado sobre o que, nesse tempo, se passava noutros contextos universitários, mas sobretudo alguém que tivesse a visão e a capacidade para fazer diferente e para inovar ao nível científico e pedagógico na área da formação dos nossos técnicos de engenharia.
Alfredo Bensaúde que é o justo homenageado desta primeira iniciativa das Comemorações dos Cem Anos do Técnico é essa figura de pioneiro que foi escolhida pelo seu perfil e pelo seu curriculum onde se incluíam, entre outras, uma experiência internacional que adquirira durante a sua permanência e os seus estudos na Alemanha designadamente em Hanover, em Clausthal-Zellerfeld e em Gottingen e uma outra através do exercício da docência no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa onde revolucionou os métodos de ensino das cadeiras a seu cargo, nomeadamente introduzindo o método experimental como instrumento de aprendizagem que tinha adquirido durante os seus estudos nas universidades alemãs que frequentara.
É pois, com esta exposição a que se deu o título de “A Génese do IST- Alfredo Bensaúde”, que se iniciam as Comemorações do Centenário desta escola de engenharia por onde passaram já cerca de 60.000 estudantes e que constitui hoje uma referência no quadro das grandes escolas de engenharia europeias.
As Comemorações vão-se desenrolar ao longo do próximo ano e até Maio de 2012, sendo de destacar como momentos mais significativos os que a seguir enumero:
A Abertura solene da celebração do Centenário da AEIST em 11 de Dezembro deste ano;
A Sessão Solene Comemorativa do Centenário do Instituto Superior Técnico em 23 de Maio;
A Exposição “O Técnico Novo: Duarte Pacheco” igualmente a 23 de Maio;
A Cerimónia de Entrega de Diplomas aos Graduados do IST a 28 de Maio de 2011;
O momento de regresso ao Técnico por parte dos antigos alunos também em Junho de 2011;
A Sessão Solene de encerramento do Centenário em 23 de Maio de 2012.
Para além destes momentos são ainda de referir as exposições sobre os Directores que estiveram à frente do Técnico desde a sua criação, bem como algumas outras de carácter artístico, um ciclo de palestras e debates temáticos, um conjunto de espectáculos musicais e ainda algumas conferências internacionais sobre temas relevantes no mundo de hoje.
Quero, no entanto, sublinhar ainda a perspectiva de futuro que se pretende dar a estas Comemorações através da apresentação de cem projectos científicos que marcam o contributo do Instituto Superior Técnico para a construção do nosso futuro colectivo e que se realizará em Maio de 2012.
O Técnico tem assim programado um conjunto de iniciativas que para além de procederem a uma evocação da memória, assinalam também o papel que a instituição pretende continuar a desempenhar no futuro, seja na área da formação, da investigação científica ou do contributo para a resolução dos grandes problemas com que nos vamos confrontar enquanto país que não quer perder as oportunidades que se lhe oferecem nos domínios do conhecimento, das tecnologias e da inovação.
O que estas Comemorações devem ser é um ponto de partida para o desenvolvimento e a consolidação de uma instituição ainda mais dinâmica e capaz de impor uma cultura de qualidade e rigor na área da formação e da investigação ao serviço de Portugal.
E tal cultura deverá fazer-se sentir em campos tão relevantes para o nosso futuro como são, a formação de quadros qualificados e a produção de conhecimento, sendo certo de que esses dois grandes objectivos só poderão ser alcançados se a instituição conseguir criar as condições que permitam, num quadro de grande autonomia institucional, reforçar as lideranças, consolidar os instrumentos internos de avaliação e sobretudo expandir a sua interacção com o exterior, designadamente o mundo real da sociedade e das economias e ainda o relacionamento e a sua integração nas redes que vêm sendo criadas entre as grandes escolas europeias que actuam na área das Ciências das Engenharias.
Pela minha parte, o que sinceramente desejo e espero é que o IST, o Técnico como é por nós e generalizadamente designado, encare este seu Centenário como uma grande oportunidade para olhar para o passado e perceber bem o papel que tem vindo a desempenhar, mas também seguramente um momento único para reflectir sobre o seu futuro tendo em conta dois aspectos essenciais. Oprimeiro relacionado com as capacidades de que dispõe, sobretudo ao nível dos seus recursos humanos, o segundo assente numa antecipação do futuro e numa análise profunda, mas serena, quanto ao modo como se deve organizar internamente para enfrentar os desafios que se lhe levantam e para os quais tem que estar devidamente apetrechado.
O Técnico é uma das grandes instituições deste País.
Eu próprio, que fui estudante e membro do corpo docente deste Instituto, sinto que devo muito da minha formação ao que aqui aprendi e sobretudo aos momentos que aqui vivi. Uns certamente melhores do que outros (sobretudo quando penso nesse período que cobriu as décadas de 60 e 70),mas todos particularmente enriquecedores em termos de relacionamento humano e em termos de prática de valores que se conjugam com a formação científica de cada cidadão.
Devo ao Técnico alguns dos melhores momentos da minha vida e tudo o que posso fazer é manifestar uma enorme gratidão para com uma instituição que me acolheu quando eu tinha dezassete anos e que me forneceu os conhecimentos, as atitudes, os comportamentos e os valores que cultivo e que sempre procurei seguir ao longo de toda a minha vida.
O Técnico é e será sempre a escola onde se procura que cada estudante seja treinado e formado para pensar, para planificar e para construir, mas partindo sempre da ideia de que só através do conhecimento, da exigência, do trabalho, do rigor e da persistência se conseguem alcançar os objectivos que traçamos nas nossas vidas seja em termos individuais seja em termos colectivos.
O Técnico, que é hoje uma instituição de referência pode e deve ser exemplo para muitas outras escolas e instituições. Os seus Cem anos de actividade, os seus diplomados, os seus doutorados e em particular a sua produção de conhecimento científico tão significativa nos últimos 15 ou 20 anos, são a confirmação de que é possível a uma instituição universitária portuguesa atingir níveis de qualidade e excelência comparáveis aos de qualquer outra instituição congénere existente em qualquer país do Mundo.
Assim saibamos todos encontrar os caminhos que podem conduzir as instituições portuguesas para os mesmos patamares em que se encontra o Instituto Superior Técnico. Patamares que estão ao nosso alcance desde que sigamos os exemplos de muitos dos homenageados nestas Comemorações designadamente o do Fundador desta instituição, Alfredo Bensaúde, a quem devemos a base a partir da qual se desenvolveu esta escola que é orgulho de todos os que aqui estudam e trabalham, mas também referência e paradigma para todos os que por ela passaram ao longo dos últimos cem anos.
Portugal necessita destes exemplos e precisa de os divulgar. Um país que parece aprisionado pelo derrotismo tem que encontrar dentro de si mesmo os motivos, os incentivos e os argumentos que o façam voltar a acreditar e a pensar que é possível vencer as dificuldades que tem pela frente.
O Técnico é um bom exemplo e esperamos que estas Comemorações possam ajudar a contribuir para a construção de um país mais ciente das suas dificuldades mas também mais consciente das suas potencialidades e das suas reais capacidades ao nível das suas instituições mais representativas.
Eduardo Marçal Grilo
Comissário